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No dia 17 de março, o Instituto de Estudos Avançados da USP recebeu editores e autores do livro Utopias Amazônicas para um debate sobre os desafios e futuros possíveis para a região. Organizada por Marcos Colón, doutor em Estudos Culturais pela University of Wisconsin-Madison e professor da Florida State University, a obra propõe uma reflexão sobre os impactos históricos e contemporâneos na Amazônia, além de abrir espaço para novas formas de pensar e habitar a região.
Durante o evento, os participantes discutiram como, ao longo dos últimos 70 anos, a Amazônia foi palco de uma das mais agressivas ocupações de fronteira do mundo. O avanço de rodovias, a grilagem, a violência no campo e a destruição de terras indígenas e reservas ecológicas marcaram a história recente da região, refletindo um modelo de exploração que se mantém até hoje. Diante desse cenário, a obra se apresenta como um convite a repensar não apenas modelos, mas modos de existir na Amazônia, reconhecendo a força das cosmologias indígenas e dos povos subalternizados.
A professora Ivânia Neves, do PPGL, foi responsável pelo texto da contracapa do livro e esteve presente no evento. Em sua escrita, ela ressalta a oposição entre a temporalidade ocidental, que orquestra distopias e dissolve o futuro da floresta, e a força das utopias que emergem das vozes indígenas e das resistências locais. Seu texto ainda sugere uma provocação: poderia uma segunda Cabanagem conter essa tragédia já intensamente estruturada?
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Entre os autores da obra, destaca-se também a professora Flávia Marinho Lisbôa, do PPGL, que contribuiu com o capítulo Corpo-Utópico: Território e Dimensões de Gênero na Amazônia. Sua pesquisa dialoga diretamente com as discussões centrais do livro ao examinar as relações entre território, identidade e gênero na região. Flávia também participou do evento, contribuindo com suas reflexões sobre o papel da literatura e da cultura na construção de outras narrativas possíveis para a região.
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A discussão promovida pelo evento e pela obra de Marcos Colón é essencial para compreender os caminhos da Amazônia em um contexto de avanço neoliberal e colonialismo interno. O PPGL da UFPA se alinha a essa proposta ao incentivar reflexões sobre a literatura, a cultura e a identidade amazônica, contribuindo para a construção de outras narrativas possíveis para a região. Afinal, enquanto houver floresta para abrigar sonhos, quais utopias ainda restam para a Amazônia?